Seguidores

sábado, 24 de abril de 2010

A decisão e seus esquemas

Como ganhar de um Santos favoritíssimo? Talvez tenha sido a pergunta mais martelada pelo torcedor andreense ou anti-Santos durante a semana.

Confesso que a resposta é tão difícil quanto a tarefa do Ramalhão a partir de amanhã no Pacaembu. O Santos é mais time e está jogando muito.

Pra começo de conversa, que tal analisar taticamente os dois finalistas? Ressalve-se que analisar não significa mostrar o caminho da vitória. Seria muita pretensão.

O Santos de Dorival Júnior apresenta, basicamente, dois esquemas padrões com inúmeras variações. Com ou sem o centroavante André. Com o menino matador, o Santos joga no ousado 4-3-3. Ou 4-2-1-3, como alguns preferem definir.

O goleiro Felipe tem à frente uma linha de quatro, com dois zagueiros internos e dois laterais que viram alas num piscar de olhos. Especialmente Wesley, que não é craque mas demonstra leveza tanto no meio quanto na beirada do campo e sai pro jogo com velocidade e visão periférica.

O meio-campo não tem aquele volantão à moda antiga, um cão de guarda incansável, que se limita a morder e desarmar. Não sabe sair por jogo, não ousa atacar porque não tem condições técnicas.

Não é o caso do Santos. ninguém é volante por natureza, como um Pierre do Palmeiras ou um Dunga na Seleção Brasileira de outros tempos. Arouca e Marquinhos defendem de forma apenas razoável. Com a bola nos pés, se transformam em meias capazes de criar, dar assistência e até concluir. O triângulo é fechado com Paulo Henrique Ganso, um armador à moda antiga, capaz de ditar o ritmo e chegar ao ataque com constância e eficiência.

O trio de ataque faz da técnica, da molecagem, da ousadia e da velocidade ingredientes indispensáveis para enlouquecer qualquer defesa. Portanto, que o Ramalhão se cuide.

Se o treinador do Santos resolver -- o que parece mais provável -- escalar Pará, ex-Santo André, na lateral-direita, o esquema será o 4-4-2. Ou o 4-2-2-2, depende da preferência em termos de nomenclatura.

Nesse caso , Wesley, Arouca, Marquinhos e Pauo Henrique Ganso preenchem as intermediárias com eficiência e sabedoria, cabendo a Neymar e Robinho as diabruras ofensivas.

Já o Santo André tem privilegiado um 4-4-2 tradicional e vencedor, que também poderia ser definido como 4-2-2-2. Julio César tem à sua frente uma linha de quatro com Cicinho, Cesinha, Toninho e Arthur -- Carlinhos cumpre supensão. Cicinho se transforma em ala com sabedoria mas não defende com tanta eficiência. E olha que Robinho e Neymar adoram cair pelas pontas para depois entrar em diagonal.

Gil e Alê são os dois eficientes volantes de contenção. Alê fica mais e Gil ousa atacar vez ou outra. Os meias são o termômetro do time. Se Bruno César e Branquinho forem bem marcados, o Ramalhão não anda, porque a bola não chega nos dois atacantes. Lembrem-se do segundo jogo contra o Grêmio Prudente.

É mais provável que o artilheiro Rodriguinho tenha Nunes ou Rodrigão como companheiro. Rodrigão não tem brilhado. Prefiro a irreverência de Nunes, que anda machucado mas gosta de aparecer contra os grandes.

No fundo, no fundo, se eu fosse Sérgio Soares, escalaria o Ramalhão com três volantes. Ricardo Conceição poderia ser o terceiro vértice do triângulo de proteção à zaga, com liberdade para, de posse de bola, lançar-se ao ataque. Porém, sua missão principal seria marcar Paulo Henrique Ganso individualmente, anulando o criador-articulador santista.

Já os meias poderiam se aproximar um pouco mais de Rodriguinho, partindo com a bola dominada ou contragolpeando em velocidade. Portanto, a sugestão não significa isolar o matador. É primordial que um centroavante de referência seja substituído por um elemento surpresa. Lateral, volante ou meia, não importa.

Não é uma receita vencedora, mas pode dar certo. É bom lembrar que nenhum esquema dará resultado se o Santo André entrar em campo com medo e com a falsa sensação de dever cumprido, de que o segundo lugar satisfaz plenamente. O torcedor pode até pensar assim, mas o profissional, não.

É preciso acreditar sempre. O imponderável futebol clube adora entrar em campo nas decisões em que o favoritismo é mensurado por anos-luz. Cuidado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário