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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Neymar, Messi, futebol e dependência

Sinceramente, não sei se a dependência é química, psicológica, emocional,  tática, técnica ou física. Ou tudo junto! Só sei que,  em vários momentos da história, futebol e dependência se assemelham a irmãs siamesas.

Exemplos não faltam.  Cada um na sua proporção. Uns mais, outros menos. O inesquecível Santos de Pelé, o Barcelona de Messi, o Corinthians de Neto, o Fluminense de Fred, o Flamengo de Zico, o Santos de Neymar.

Pode parecer paradoxal, mas ouso dizer que o Santos bicampeão mundial interclubes nos anos 60 dependia menos do Rei do que o atual depende do monstro de canelas finas.  É que aquele Santos era muito mais time do que o de hoje.

Do meio pra frente, só fera. Zito, Mengálvio, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Após a  saída de Ganso, o de hoje só tem Neymar.  Dependência plena. Ninguém encosta, ninguém se mexe, ninguém resolve, ninguém faz gol.

Fico até com dó. Sobra tudo pro menino gênio também porque o coletivo e o plano tático de Muricy Ramalho não tem tanto peso. Um time comum,  à espera de um estalo de quem desequilibra mas está de saída.

Praticamente o mesmo acontece com Fred. Centroavante do Flu e da Seleção Brasileira tem de ser líder, articulador, simulador e matador. Com Wellington Nem em má fase após lesão e meio-campo de mobilidade e criatividade burocráticos, tricolor carioca foi um arremedo ontem, no 0 a 0 diante do limitado e apenas aplicado Olímpia.

Não quer dizer que o Fluminense não possa até ganhar no Paraguai e conquistar a Libertadores. Se bem que o favorito é o Atlético Mineiro, que consegue equilibrar jogo coletivo,  velocidade e alguns chutões com momentos empolgantes de Ronaldinho, Bernard, Jô (quem diria?) e Diego Tardelli. Sem tanta dependência.

O Corinthians campeão brasileiro de 90 tinha em Neto sua estrela solitária. E suficiente. O hoje comentarista da Band carregou o time nas costas. O grupo ( Márcio, Tupãzinho, Fabinho e cia )  era esforçado e corredor. Nada mais. Só que a bola parada de Neto era fatal. Escanteio era como falta na meia-lua e falta era como pênalti.

O Corinthians de Tite Fala Muito ( entende muito mas precisa pôr Pato pra jogar) tem individualidades capazes de decidir, mas faz do coletivismo, da aplicação tática e da determinação armas mortíferas no futebol moderno. Defende e ataca com muita gente. Pena que o desempenho atual  se tenha distanciado um pouco do potencial.

Já o Flamengo de Zico era um timaço. Leandro, Júnior, Andrade e Adílio jamais foram eram meros coadjuvantes. O protagonista, ator principal, era Zico, lógico, mas o Flamengo campeão do mundo não era dependente contumaz.  Também jogava bem coletivamente.

Sobre o Barcelona de Messi, já comentei, e repito:  tem outros grandes jogadores ( Iniesta, Xavi, Fàbregas e cia), mas perde o prumo, a referência, quando o argentino melhor do mundo está fora.

Novamente, soa como incoerência se lembrarmos do Santos refém exclusivamente de Neymar. Diferentemente, o campeão espanhol tem individualidades brilhantes e filosofia de jogo definida, mas sem Messi anda de lado, sem verticalidade. Favor não confundir Barcelona com Seleção Espanhola.

Talvez tudo isso explique por que Borússia Dortmund e Bayern de Munique decidem o título da Liga dos Campeões neste sábado. Os dois principais clubes da Alemanha no momento têm forças individuais e marcante presença coletiva no campo tático.

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