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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A tragédia, o trote e o descaso do Poder Público

Fábio não é a primeira vítima do descaso do Poder Público. Nem será a última. A morte do menino de apenas 12 anos de idade poderia ter sido evitada. Mas não foi! 

Mais uma família vai carregar a dor pela eternidade. A trave caída. A tragédia anunciada. O "responsável" ausente.  A artéria perfurada. O SAMU atrasado. A vida ceifada. A família dilacerada. E a Prefeitura calada. 

O desfile de irresponsabilidades fatais segue como  se o valor de nossas crianças fosse inferior ao de cães e gatos.  Familiares alegam que o SAMU -- mais um atraso? -- só chegou  uma hora depois do acidente no campo do Humaitá.

Distrital Salvador dos Santos fica ali ao lado do Aramaçan. Portanto, não tão longe de ambulâncias estrategicamente estacionadas no Hospital Municipal, no Jardim las Vegas ou mesmo no Jardim Santo André. Percurso rápido,  de cinco a 15 minutos, no máximo.  

Ridículo! Absurdo! Dizem que o atendente do SAMU imaginou tratar-se de mais um trote. Mais uma sacanagem de desocupados. Coisas de criança!  Irresponsabilidades de adultos. E o menino na poça de sangue. Imperdoável!

E o Poder Público ainda não se manifestou. Vai dizer o quê? Negligência pura! Responsabilidade pela manutenção dos campos é da Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (Departamento de Esportes) e da Secretaria de Obras e Serviços Públicos (SOSP), que dificilmente conserta um mero alambrado.

Só que o problema existe há mais de 30 anos. Problema não; desleixo! Nossos mais de 40 campos de várzea praticamente inexistem aos olhos do Poder Público. Independente de  partido político,  desprezo é a palavra de ordem.

Prefeitura deveria ser a cuidadora dos distritais, mas não está nem aí. Há muito tempo! Maioria dos nossos campos tem dono. Mas o dono, de fato, não é o cidadão. Nem a Prefeitura.

Por absoluta incompetência, por inaceitável omissão, por flagrante comodismo ou simplesmente em nome de uma excrecência chamada governabilidade, os distritais de Santo André são tomados na mão grande ou entregues a apadrinhados políticos.

Quem grita mais alto se adona do espaço onde deita e rola. Por trás de pseudo-zeladores e concessões de uso  irregulares -- quando existem -- quase sempre há um vereador do bairro ou um candidato ligado ao poder maior .

Há muitos anos se fala em  legalização de cessões e utilização, mas não acontece nada porque não interessa a muita gente miúda bem protegida sob as asas de gente graúda. Por isso nossos campos são uma vergonha. Por isso são terra de todos e de ninguém.  Por isso são arapucas para pássaros livres, crianças inocentes, vítimas em potencial.

A omissão e o medo consciente do Poder Público permitem situações inimagináveis por todos os cantos da cidade. De Utinga ao Parque Miami. Do Bom Pastor até Capuava. Do Humaitá, do Independência e do Sajea/Aliança ao Parque Andreense/Paranapiacaba.

Pouco se faz. Por isso o verdadeiro futebol amador deixa de ser protagonista. É coadjuvante diante de atividades nada dignas. Aluguel para terceiros, propaganda ilegal, show sertanejo,  tráfico de drogas, puxadinho para a família junto a vestiários nojentos, escolinhas particulares, boteco irregular,  jogatina madrugada afora, esconderijo de bandido e até prostituição. Escrevo isso há 30 anos!!!

Esse é o retrato fiel de distritais que deveriam ser espaços sagrados da população. Especialmente das crianças. Se lá existissem  escolinhas de futebol da Prefeitura ou mesmo atividades recreativas. Se lá existissem funcionários contratados que dessem satisfação dos seus atos.

Se lá existissem manutenção e segurança capazes de evitar mais uma tragédia anunciada há pelo menos três décadas. E olha que o prefeitão inimigo do esporte só comanda o Executivo há quatro anos. Portanto, todos os outros  também têm  culpa no cartório.

Quem vai assumir a culpa pela morte de Fábio?  Já temos uma "figueira assassina" no Parque Celso Daniel. Será que  agora encontrarão uma "trave assassina" no Humaitá?  Não seria surpresa!

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