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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por um cálice de atenção...

Ainda é Natal! Me desculpem, por favor, e tentem compreender o desabafo. Minha sensibilidade está à flor da pele. Do nada, brota uma lágrima, outra e mais outra. O velho sorriso já é escasso.

Depressão? Não! Melancolia? Saudade dos pais que se foram? Do filho que não apareceu? Dos irmãos distantes? Sei lá! Só sei que machuca! Corta como navalha!

O importante, a boia salvadora, é que, no silêncio da cidade grande e sob o testemunho da lua cheia,  recebo o carinho incomparável, porque sincero, da filha, Maira, e dos netos, Victor e Júlia. Paixões doentias, vulcânicas. Simplesmente, a-va-ssa-la-do-ras.

Porém, não sei por que, e não só hoje, repito, virei um chorão contumaz. Por muito ou por pouco. Pra ser justo, às vezes, até de alegria. Como na maior conquista do time de coração.  Então, talvez seja apenas carência de pai, esperança descabida.

São novos tempos, mais acelerados, sem tempo a perder. É preciso compreender e tocar a vida. Mas fica, sinceramente, uma pitada de amargura, de decepção, ao dar de cara com as agruras da vida e perceber que o tempo, infelizmente, passou.

Sei que erros e acertos fazem parte. Sei que também sou culpado, responsável. Os filhos cresceram. Alguns professores da vida, aos quais eu jamais deixaria de agradecer,  já partiram. Mesmo sem serem perfeitos, deixaram lições de vida eternas.  Daquelas que resistem a tsunamis, tornados, furacões e até desprezo.

Certos momentos passam a ser cortantes. Como o médico irresponsável  -- que novidade, né? -- que falta ao plantão da noite natalina quando poderia salvar a menina, mais uma vítima de bala perdida.

Como o prefeito da cidade vítima das enchentes que tem a cara-de-pau de desviar verba governamentais e doações para contas particulares. Abandona cidadãos desabrigados em benefício do próprio umbigo.

Quando não é isso, os caras, esses políticos inescrupulosos, são capazes de cortar a merenda escolar de pequeninos famintos. Uma farsa, mais uma fraude. Afinal, pra quê comer? É mais vantajoso fazer obras e ganhar  por fora, de construtoras e empreiteiras.

O que dizer, então, de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e presidente -- inclusive aquele que não sabe de nada -- que brincam com saúde da população e transformam hospitais em verdadeiros matadouros?

Também me dói no peito ver aquelas crianças, no lixão, dividindo  espaço com  adultos e até urubus e ratos gigantes e fedorentos, à cata de uma sobrinha qualquer que pode significar a salvação. Pra não morrer de fome! É triste, chocante!

Ou os idosos, amontoados em asilos mal-cuidados ou mesmo isolados em casa, sem a companhia de filhos que,  se normais e com um dedinho de gratidão --  poderiam lhes proporcionar um momento de carinho, de atenção. Só serve se tiver dinheiro ou a merreca do INSS.

O que dizer, então, daqueles moradores de rua por absoluta falta de um lar, de um aconchego, de alguém que lhes estenda a mão? Um simples gesto de amor, de compreensão. Afinal, eles precisam voltar a sonhar.

Tanto quanto o dependente químico, que, por opção própria ou imposição da vida -- quase sempre arapucas do destino -- está abandonado. Sua companhia é o cachimbo que  empolga, engana, dilacera e mata. O viciado e a família.

Crianças -- a brutalidade do atirador que assassinou tanta gente nos EUA foi uma monstruosidade --, idosos, dependentes e tantas outras vítimas da sociedade merecem momentos de felicidade. Talvez uma oportunidade de dar a volta por cima.

Quem sabe com um toque mágico, no rosto. Um carinho no cabelos. Um olhar respeitoso. Um pequenino gesto de solidariedade, de amor ao próximo. Talvez um obrigado, sussurrado, bem baixinho, ao pé do ouvido.

Enfim, coisas que se falam ou se fazem com a cumplicidade do coração. Mesmo que seja um pedido de perdão. Um simples piscar de atenção verdadeira, sem interesses.

Obrigado minha filha. Obrigado moleque. Cuidado pra não cair da bike nova.  Obrigado princesa. Não se esqueça de abraçar o ursão.

Obrigado por um cálice de carinho com a força do mar. Um cálice de atenção com a doçura do mel. Um cálice de amor com a intensidade do sol. Com a sinceridade e a inocência de crianças capazes de dizer: vô, te amo.

Amor! Uma palavra mágica. Gratidão! Uma atitude de grandeza. Doação! Um gesto de humildade tão simples quanto belo. Tão raro e difícil para alguns quanto arrebatador! Mais uma vez, obrigado por vocês existirem. Vô Raddi também ama vocês.

Um comentário:

  1. Texto de conteúdo bastante espiritualizado e de grande sensibilidade! Continue escrevendo... sem perceber pode estar auxiliando alguém que passa por momentos difíceis! Os dons divinos que Deus nos dá... não podem ser desperdiçados!

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