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sábado, 22 de dezembro de 2012

Marta: cesta de três ou bandeja desastrosa?

Instado por um amigo corintiano, hoje cedo no Parque Central,  sob chuva e em plena corrida, acabei deixando a resposta (?) para o texto do blog.

Afinal, Marta vai representar uma bela cesta de três pontos ou uma bandeja desastrosa,  desperdiçada quando a marcadora mais próxima estava a dez metros do garrafão?

Sinceramente, é muito cedo para se projetar sucesso ou decepção de quem foi tão importante para o basquete brasileiro, mas, como dirigente pública, está apenas começando.

Futura Secretaria de Esportes e Lazer de Santo André, a ser criada por decreto e/ou aprovação da Câmara de Vereadores, não é tarefa tão simplória, pra qualquer para-quedista metido a besta.

Indicação da pivô revelada em Santo André, pelas mãos de Laís Elena Aranha e que acabou nos Estados Unidos e na Seleção Brasileira, me pegou de surpresa. Achei que alguém havia confundido com a Janeth. 

Fontes confiáveis garantem que a ex-atleta, ligada ao PC do B, parceiro do PT, apoiou o deputado estadual eleito prefeito e foi recompensada. Por  esse ângulo, nenhuma surpresa. Secretariado de Carlos Grana privilegiou o viés político-sindical e repete vários nomes de administrações anteriores. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Vários nomes eram especulados, menos o de Marta.  Além de Janeth  (basquete), apareciam William Carvalho (vôlei), Celso Luiz de Almeida (presidente do ECSA e ex-diretor de Esportes em Santo André), Carlos Tadeu Costa (secretário de Esportes em São Bernardo e ex-diretor de Lazer em Santo André), Raimundo Salles (político derrotado e advogado) e até mesmo José Eduardo Barbosa( dirigente do Aramaçan).  Por isso a surpresa.

O fato de Marta ser do esporte é bom.  O fato de ser medalhista olímpica e pan-americana ( ouro, prata e bronze) também é interessante.  Pesa no currículo! Tanto quanto a origem na favela  e o fato de trabalhar com crianças e adolescentes carentes ( Projeto Lance Livre) na favela de Heliópolis e no Grande ABC.

Discurso da basqueteira em prol da inserção social e da formação do cidadão por meio de escolinhas de esportes é outro ponto positivo. Na teoria. Assim como a aposta no binômio esporte-educação. Se praticar mesmo tudo isso, Santo André só tem a ganhar.

Mesmo assim, não dá pra garantir que Marta vai acertar o arremesso e converter três pontos decisivos para um esporte  problemático e em franca decadência nos últimos anos. Principalmente como drástica consequência de investimento pífio, competência duvidosa, comprometimento enganoso e excesso de vaidade diretiva.

Também não há como afirmar que a bandeja fácil, até pra juvenil, vai ser desperdiçada de forma ridícula. Marta tem personalidade forte e esbanja confiança, mas a realidade é dura. Pra quem não sabe, só pra começo de conversa, no alto rendimento salário atrasado virou rotina nos últimos tempos. Em São Caetano não foi diferente...

Como resolver esse e outros pepinos? Nossa grande reboteira vai precisar  rebolar muito e provar que merece o cargo, que é capaz de liderar e de gerenciar recursos financeiros e humanos como fazia com a bola de basquete.

Pra tanto, é fundamental que a administração Grana encare o esporte não como prioridade, mas com a atenção e o respeito que não lhe foram dedicados na  gestão por se findar. Se o PT olhar o esporte com o mesmo menosprezo do prefeitão, Marta não vai concretizar nem a bandeja. Repetirá o fiasco atual!

Se a escolha de Grana for mesmo apenas um agrado político e Marta não souber montar equipe competente e comprometida com o esporte -- não só o basquete --, Santo André vai continuar dando vexames nas quadras, nas pistas, nos campos, nas piscinas e onde quer que se pratique esporte.

Marta colecionou vitórias, ganhou medalhas e foi campeã ao lado de feras incomparáveis como Paula e Hortência. Agora, tem a oportunidade de ser protagonista. Sozinha, pode dar com os burros na água. Cercada de assessores de meia tigela e comissionados impostos e vagabundos, vai bater a cabeça no aro.

Então, que a experiência de Marta comece com o pé direito, tomando pé da situação nada confortável e escolhendo profissionais certos para os lugares certos. Sem agrados, sem protecionismo e sem corporativismo nefasto. Inventar pivô no lugar de ala é suicídio. Especialmente pra quem vive a passear à beira do canyon.

Tenho cá minhas dúvidas quanto à desenvoltura gerencial de Marta em quadra minada e desconhecida, com bons e maus profissionais, como em todos os segmentos da sociedade, mas desejo boa sorte! Avaliação virá com o tempo.

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