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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Campeão não ganhou o mundo no 4-2-3-1

Garanti, na véspera, que o campeão mundial interclubes adotaria o esquema 4-2-3-1. Entenda-se: com diferenças de posicionamento e características individuais,  Corinthians e Chelsea jogariam predominantemente com quatro zagueiros, dois volantes, três meias e um atacante de referência.

Mas não foi bem assim. De fato, Tite escalou o campeão no 4-2-3-1, mas a prática ficou próxima de um 4-2-2-2, com pequenas variações. Os laterais seguiram a banda e marcaram com a eficiência que se espera de um time determinado e taticamente disciplinado. Triangularam com Danilo,  Jorge Henrique e Paulinho. Pouco se aventuraram ao ataque.

Ralf cumpriu sua função de proteção, mas não foi tão eficiente porque errou passes e em alguns momentos se viu sobrecarregado pela ofensividade e pelo bom toque de bola do adversário. Raramente passou do meio-campo. Não precisava e não devia, viu, Neto!

Onde já se viu, o ex-craque do Corinthians, hoje comentarista da Band,  usar o microfone para dizer que Ralf estava jogando mal e que deveria evitar os lançamentos de Lampard para Fernando Torres, Moses e Hazard?

Besteira pura! Imaginem o volante campeão saindo da frente da zaga para ir buscar Lampard lá na intermediária do Chelsea. Dominado pela emoção, Neto -- um dos jogadores mais importantes da história do Corinthians -- deve ter visto outro jogo. Tarefa caberia a um dos atacantes ou um dos meias operários. Se preciso, até mesmo Paulinho. Enfim, quem estivesse mais próximo. Jamais Ralf.

Sem a bola, o aplicado Paulinho recuava para ajudar Ralf, enquanto que Danilo e Jorge Henrique fechavam os espaços por onde poderiam subir os laterais. Principalmente Ashley Cole pela esquerda. Por isso, taticamente,  Jorge Henrique foi quase perfeito.

Além de bloquear o ala inglês, Jorge Henrique assessorou Alessandro e reduziu os espaços do rápido belga Hazard.  Mais uma vez, Tite  foi coerente e acertou em cheio ao sacar Douglas em benefício da equipe.

Já Emerson foi mais um segundo atacante do que um terceiro marcador, naquela cantada linha de três falsos meias. Não foi excepcional, mas até ajudou a cercar e chamou a marcação ao flutuar  do centro para as beiradas do campo. Também foi fominha em três ocasiões, mas não deixou o herói peruano, Guerrero,  tão isolado.

Portanto, Tite acabou  dando um baile tático ao passear pelo 4-2-3-1, o 4-2-2-2, o 4-1-3-2 (com Paulinho completando uma linha de três à frente de Ralf) e até o 4-4-2, com duas linhas de quatro e dois atacantes (um de velocidade e outro de referência, esperando a chegada dos companheiros).

Sem desmerecer a conquista corintiana e a inteligência diferenciada de Tite, hoje o melhor técnico do Brasil,  Rafa Benitez foi determinante no resultado. Escalou errado e mexeu tarde. Bastava manter o 4-2-3-1 bem compacto ou mesmo colocar Lampard mais recuado no lugar de Moses, liberando um dos meias.

Mas não! Em plena final, inventou um 4-2-2-2 ( com variação para 4-2-1-3) frouxo no preenchimento dos espaços e na marcação. O espanhol sacou Mikel, um volante que sabe marcar e sair pro jogo, e escalou Ramires como primeiro homem de contenção, ao lado do experiente mas recém-lesionado Lampard. Por isso sem tanta mobilidade e preparo físico contra um Corinthians que sobra na transpiração, na pressão constante.

O espanhol Juan Mata ficou incumbido da armação e da chegada ao ataque ao lado de Hazard, pela esquerda, e pelo meio. Só que o belga é rápido e perigoso com a bola nos pés, mas não marca ninguém. Por isso a variante com três atacantes propiciava campo para o Timão jogar.

Ao contrário do que eu esperava, Moses foi muito mais um segundo atacante, para jogar no mano a mano ou às costas de Fábio Santos, do que um meia mais defensivo do que Oscar. Foi ofensivo e exigiu uma grande defesa de Cássio. Só! Com Oscar o time inglês ganharia mais criatividade e jogadas de aproximação.

Desde que o Chelsea estivesse preparado taticamente para ocupar os espaços entre os três setores, com a aproximação e compactação de zagueiros, volantes e meias. Como seus zagueiros são lentos e durões -- especialmente  Ivanovic e Cahill --  Rafa Benitez não ousou correr riscos de tomar contra-ataques fatais.

Melhor para um Corinthians com volume e intensidade de jogo, comprometido, determinado e inteligente do começo ao fim. Mesmo quando não tinha domínio e dependia dos milagres de São Cássio. Um santo com cara de louco, diga-se. E que ainda está longe de São Marcos.

Coletiva e taticamente, o Corinthians foi bem melhor. E provou que força defensiva não é sinônimo de retranca.  Por isso ganhou o futebol coletivo, organizado. Individualmente, destaques para Cássio, Guerrero, Danilo ( jogou muito!) e Jorge Henrique.

Segundo melhor jogador do Brasil -- só perde de Neymar -- Paulinho foi importante para o esquema de Tite, o cara. Mesmo sem o brilhantismo de costume, Paulinho apareceu bem no ataque e participou inclusive do gol de Guerrero. Assim como Jorge Henrique e Danilo.

Coletivamente, o Chelsea não foi organizado e só mostrou que Rafa Benitez precisa aprender mais e teimar menos. Individualmente,  gostei da David Luiz, Lampard e Ramires.

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