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terça-feira, 19 de março de 2013

Palavras ao vento e bola nas costas

Carol leitor, por favor, acompanhe com atenção e isenção, nas páginas do Diário do Grande ABC, a cronologia de uma rasteira não anunciada.

Não se discute, aqui,  a demissão de Arnaldo Lira. Questiona-se, sim, a postura, a forma como os dirigentes do Santo André agiram após garantirem a permanência do treinador até o final do campeonato. Mesmo após sequência de maus resultados.  

Direito indiscutível! Atitude inconcebível! Para alguns, tudo normal. Afinal, são os subterrâneos do futebol, uma arte com cheiro de  esgoto.  

24 de fevereiro - Santo André vence em Barueri e espanta crise ( 2 a 1, 13 pontos ganhos e 11º colocado na Segundona)

27 de fevereiro - Ramalhão atrás de embalo em Osasco ( vitória de 3 a 2 e  9º colocado com 16 pontos ganhos)

3 de março - Ramalhão sofre, mas derrota lanterna ( 3 a 2 sobre o São Carlos e 6º na classificação com 19 pontos ganhos)

6 de março - Ramalhão busca quarta vitória seguida (adversário é o Guará)

8 de março - Santo André esquece derrota e mira Red Bull ( derrota de 3 a 0 em Guaratinguetá faz Ramalhão cair para o décimo lugar). Leandrinho pede rescisão de contrato e é o segundo jogador a deixar o grupo, a exemplo de Sérgio Motta, que entrou em rota de colizão com o treinador e deixou o clube após ser substituído ainda no primeiro tempo do empate de 2 a 2 com o Rio Branco, em casa.

9 de março - Ramalhão mira reação contra o Red Bull. Arnaldo Lira barra Júnior Paulista, mas atletas garantem que a cada dia conseguem entender melhor a metodologia de trabalho do técnico.

10 de março - Santo André cai de virada em casa ( agora em 12º lugar e cada vez mais distante do G-8 depois de quatro vitórias, um empate e duas derrotas sob o comando de Lira ).

12 de março - Presidente do Ramalhão mantém confiança no trabalho de Arnaldo Lira. Apesar de acumular duas derrotas seguidas, treinador ainda tem crédito com dirigentes. Não tiraram a confiança do presidente Celso Luiz de Almeida. Segundo o dirigente, o retrospecto o mantém no cargo. "Sabíamos que a Série A-2 seria muito complicada e o Arnaldo Lira conseguiu bons resultados. Não tem por que pensar em trocar de técnico. Isso nem passa pela nossa cabeça", garantiu Celso Luiz, lembrando que em sete jogos os treinador acumulava quatro vitórias, em empate e duas derrotas.

13 de março - Santo André encara duelo decisivo na A-2. Time pega São José no Vale do Paraíba e Arnaldo Lira faz cinco alterações para tentar voltar a vencer.

14 de março - Ramalhão empaca e cede empate no fim. Equipe fica no 1 a 1 com o São José e se mantém três pontos abaixo do G-8. Arnaldo Lira lamenta a igualdade: "O São José não ganhou um ponto; nós é que perdemos dois".

15 de março -- Santo André vive montanha-russa na A-2. Começo ruim, que custou o cargo de Ademir Fonseca, é uma das justificativas do diretor de Futebol Juraci Catarino para o 12º na classificação geral. E mais: garantiu,  com todas as letras, que Arnaldo Lira está garantido no comando da equipe até o término da competição: "A situação do Lira é tranquila. O Santo André está em busca de classificação pela vinda dele e recuperação que conseguiu. Confiamos nele e tem crédito total. Fica até o fim do campeonato", disse o dirigente ao repórter Dérek Bittencourt.

16 de março -  Vaga andreense passa pelo Comercial. Arnaldo Lira mantém o time e cita o Barcelona como modelo a seguir.  Ramalhão é o 11º com 20 pontos ganhos.

17 de março - Santo André perde e vê classificação distante. (Ramalhão a três pontos do G-8).

18 de março - Celso Luiz minimiza momento ruim do Santo André na A-2 (13º lugar mas ainda com chances de classificação).  Presidente do Ramalhão descarta crise e volta a ressaltar confiança em sua equipe na reta final. Celso garante que momento não é de crise e descarta totalmente que aconteçam mudanças na Comissão Técnica. "Confio plenamente na equipe. Estamos subindo degrau a degrau".  Palavras de presidente do  ao repórter Thiago Bassan. Santo André está a pontos do G-8 e ainda joga em casa contra Juventus (amanhã) e Noroeste. Depois, pega a Ferroviária em Araraquara.

19 de março (hoje) - Arnaldo Lira sofre com maus resultados e não é mais técnico ramalhino. Recentes más apresentações -- não vence há quatro jogos, sendo três fora de casa contra times que brigam pela vaga -- custaram o cargo do treinador. "Não é mais nosso treinador. Foi decisão tomada de comum acordo", afirmou o dirigente.

Sequência de maus resultados,  estilo de comando polêmico, clima pesado com alguns jogadores e muitas mudanças no time. Tudo isso não aconteceu da noite pro dia e deve ter pesado na demissão.

Presidente fala simplesmente em "comum acordo". Matéria do repórter Dérek  Bittencourt não informa a versão do técnico, que, dizem, deve ser substituído por Dedimar, zagueiro campeão na Copa do Brasil 2004 e de bom trânsito no Parque Jaçatuba.

Certo ou errado?  Pela cronologia dos fatos relatados pelo DGABC, fica claro que garantias à permanência   de Arnaldo Lira até o final do campeonato não passaram de palavras ao vento.

Não tenho procuração para defender o treinador. mas, a não ser que ontem tenham acontecido coisas do arco-da-velha, atitude tão rasteira não se justifica. Repito: ao menos com base nas informações veiculadas.

Se a intenção era demitir -- um direito indiscutível da diretoria -- , por que  tamanha insensatez e falta de transparência e lealdade no momento de tomar atitude tão corriqueira?  Basta vir a público e dizer a verdade. Simples assim!

Pois é... Que pena!  Palavras ao vento e bola nas costas sem cobertura. Credibilidade virou mesmo pedra preciosa no meio do futebol.   


 






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