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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Errei! O polvo acertou!

Quem diria? Quem viu o início da definição do outro finalista da Copa ficou com a nítida sensação de que o famoso polvo -- polvo! -- alemão estava com razão ao escolher a Espanha como adversária da Holanda. E estava mesmo!

Quem esperava a Alemanha no ataque, ou pelo menos mais ofensiva, mais organizada, se decepcionou. Quem esperava a Espanha acuada, se surpreendeu agradavelmente. Me incluo, óbvio, nesse quem.

Os 15 minutos iniciais foram totalmente da Espanha. Del Bosque surpreendeu, ousou e acertou logo na escalação. Sacou o centroavante Fernando Torres, colocou o artilheiro David Villa mais pelo meio, perto do gol, e fez entrar o rápido e ofensivo Pedro pela direita. Eu preferia Fabregas no meio-campo, caracterizando um 4-2-3-1. Estava errado!

Dono da bola -- posse chegou a 66% contra 34% --, do campo e das iniciativas ofensivas, o time espanhol encurralou uma Alemanha recuada, calculista e sem poder ofensivo capaz de ameaçar.

Sem Muller, a válvula principal do contra-ataque pela direita, uma das armas alemãs não pode ser usada, já que o substituto, Trochowski, é mais de fechar o meio, levando o time a jogar quase no cauteloso 4-5-1.

Mesmo depois dos 20 minutos, quando a Espanha diminuiu o ritmo, perdeu a objetividade e quase não chegou, a Alemanha não fez nada além de respeitar, respeitar e especular um lotérico contra-ataque. Sem Muller? Brincou, né?

Taticamente, prevaleceu um 4-4-2 semelhante na maioria da primeira etapa. O segundo quatro da Espanha optou pela criação; o segundo quatro da Alemanha, isto é, o meio-campo, optou pela marcação incessante, abrindo mão de imitar a bela performance apresentada contra a Argentina. Explica-se: naquele dia o primeiro gol alemão saiu de cara e asfaltou o caminho da goleada.

Pra mim, o primeiro tempo foi uma decepção. Especialmente por parte de quem vinha tão credenciado quanto o time alemão.

A Espanha voltou para o segundo tempo com a mesma disposição do início. Procurou marcar em bloco na intermediária, mas também alternou com marcação pressão na saída de bola. Em 10 minutos, chegou com dois bons arremates de Xabi Alonso e um de David Villa.

Percebendo que Pedro ganhava de Boateng na velocidade, o técnico alemão colocou Jansen. O agora mais nítido 4-5-1 entra dominado pelo 4-4-2 flexível da Espanha. Bem cercado, o bom Scheinsteiger errava passes, não conseguia armar nem municiar um ataque hoje improdutivo.

Com rapidez e objetividade, a Espanha intensificou o domínio e voltou a ameaçar o gol alemão em outros dois momentos. Em contraposição, deu alguns espaços para a Alemanha fazer o que mais gosta: contra-atacar em velocidade.

Aos 15 minutos, o mais ofensivo Kroos entrou no lugar de Trochowski. E quase fez 1 a 0 aos 23 minutos. Casillas defendeu bem. O suficiente para a Alemanha acordar e mostrar a quê veio?

Ledo engano, porque em seguida a Espanha fez 1 a 0 com Puyol, de cabeça. Nada mais justo. E inesperado, já que o jogo aéreo não é o ponto forte da Espanha. Puyol voou. Foi espetacular.

À Alemanha restava reagir e atacar. À Espanha, manter o ritmo, marcar em bloco e sair em velocidade para matar o jogo no contragolpe. Espaço não faltava, já que a Alemanha trocou um volante por um centroavante. E Del Bosque trocou o artilheiro Villa por Fernando Torres.

Aos 36, Pedro foi fominha e não serviu Fernando Torres para fazer o gol que definiria a ida pra a final. Não precisou. A Alemanha se deseperou e não foi nem sombra de quem deu uma aula de futebol diante da Argentina.

Por isso gostamos de futebol. Quem parece favorito acaba na vala comum de derrotados que raramente entram para a história. Deu Espanha! Com méritos. Errei! Deu polvo. Com certeza, o animal servirá banquete indigesto ainda hoje.

Se há favorito para a final de domingo? Puro equilíbrio. A Holanda também é forte.

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