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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mordaça para o torcedor? É o fim!

Procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Paulo Schimit, ameaça denunciar o Atlético Mineiro pelos protestos da torcida do Galo na bela vitória de 3 a 2 (grande jogo!) sobre o Fluminense, provável campeão brasileiro.

Autoridade do STJD diz que está apenas cumprindo a lei ao fazer a denúncia devido às manifestações contra as  arbitragens no Campeonato Brasileiro, inclusive a de Jailson Macedo Freitas.

Razões elencadas pelo digníssimo procurador: nariz de palhaço, cartaz contra  arbitragem e mosaico com a cores do Fluminense e as siglas CBF de cabeça para baixo, a sugerir protecionismo ao clube carioca.

Torcida também gritou "vergonha" quando o árbitro baiano anulou o gol de Ronaldinho Gaúcho alegando falta do zagueiro Leonardo Silva na barreira.

Agora, todas as torcidas deveriam gritar "vergonha" diante da casa do procurador, que parece se julgar dono do futebol brasileiro. Ele manda prender e manda soltar. Até quando?

Respeita-se a intenção de evitar o pior,  de coibir possíveis atitudes extremas e suas consequências, mas  não há como concordar. Absurdo! Abuso de "otoridade". É anticonstitucional! Que país é esse?

Tudo bem parecido com o que aconteceu no jogo do Náutico contra o Atlético Goianiense, quando a torcida pernambucana estampou faixa com os dizeres: "Não vão nos derrubar no apito". No jogo anterior, contra o mesmo Flu, juizão deixou de dar pênalti claro a favor do Náutico.

Procurador pode até alegar desrespeito à lei, mas onde estão caracterizados, com clareza,  incitamento à violência, difamação, calúnia e outros quetais?

Definição de qualquer bom dicionário (?) é clara sobre liberdade de expressão. É o direito de manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos.

Tudo isso são conceitos básicos das democracias modernas. O povo pode se exprimir aberta e publicamente, de forma oral ou escrita. Está na Constituição!

Portanto, que mal há nos protestos pacíficos e bem-humorados dos torcedores de futebol? Ou queremos voltar aos tempos da ditadura e do golpe militar de 64, quando, em 68, o presidente Costa e Silva ganhou plenos poderes, extraordinários, e suspendeu várias garantias constitucionais por meio do famoso AI-5, o quinto de uma série de atos abusivos.

Lei da Mordaça, caro procurador? Censura, nobre procurador? Com certeza, o senhor tem mais o que fazer. Se não tiver, aproveite para elencar as restrições ao cidadão que vai ao estádio de futebol exercitar o seu direito de torcer, nada mais.

O senhor já teve ter rascunhado o Ato Institucional do Futebol, a ser publicado nos jornais oficiais de amanhã, 25 de outubro de 2012,  34 anos e 13 dias após a extinção do AI-5.

Se ainda não o fez, lá vão algumas sugestões. A começar pelo indispensável "
sob as penas da lei, fica proibido":

1) contestar a arbitragem, mesmo em caso de atuação eivada de erros crassos;
2) questionar determinações da toda poderosa CBF e do STJD;
3) levar faixas, cartazes, bandeiras e similares que signifiquem afronta ao poder soberano;
4) olhar feio ou franzir a testa para qualquer um dos componentes da arbitragem; é melhor sorrir para as lentes.
5) fazer qualquer sinal com braços, mãos e dedos (principalmente) que possa parecer afronta aos homens do apito;
6) falar palavrão direcionado à torcida adversária ou jogadores;
7) dirigir ofensas morais a árbitro, assistentes e dirigentes da onipotente CBF;
8) gritar gol, vaiar, pedir substituiçao, gritar olé, fazer ola e gritar "é campeão".
9) entrar em campo sem bater continência ou prestar reverência, curvando-se diante das "otoridades" constituídas;
10) criticar árbitros, dirigentes e jogadores, mesmo no banheiro malcheiroso do estádio;
11) sob pena de prisão e confisco de bens, não se deixe flagrar por ao menos uma das 78 câmeras a cochichar com o vizinho contra as determinações do poder; se piscar, feche o olho direito.

Caro procurador, talvez ajude a "melhorar" o futebol brasileiro. Assim, nos estádios ninguém vai dar trabalho e motivo para o senhor exercer o poder com mão de ferro inadequada. Eles estarão vazios. Sem graça! Sem alma!

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