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quinta-feira, 29 de março de 2012

O prefeitão, o jornal e o macaco

"Pavin envolve Aidan em esquema do Semasa investigado pela CPI". A manchete principal do DGABC de hoje é, no mínimo, questionável. Também pode ser pura maldade, retaliação, parcialidade ou irresponsabilidade editorial.

Não tenho nenhuma procuração para defender Aidan Ravin, de quem me julgo mero fiscal. Mesmo porque, o prefeitão já é crescidinho -- e como! -- para se livrar de enrascadas de grandeza solar.

Mas... há algo de podre no reino da Dinamarca ou de errado na linha editorial. Escapa da normalidade! Não sei se o rabo está balançando o cachorro ou se a banana está comendo o macaco.

Distante de ser especialista político, tampouco em extorsão, mas como jornalista e cidadão, posso, sim, e devo, questionar a chamada de primeira página. Tanto quanto qualquer homem público.

Só pra lembrar: superintendente e adjunto do Semasa, Angelo Pavin e Dovilio Ferrari Filho são investigados pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e pela Câmara Municipal de Santo André por suposto esquema de cobrança de propina para emissão de licenças ambientais.

Em depoimento à CPI do Legislativo, o senhor Pavin afirma, entre acusações, omissões e evasivas, que a indicação do ex-diretor de Gestão Ambiental e denunciante de possível extorsão no alto escalão da autarquia, Roberto Tokuzumi, partiu do Gabinete.

Na página 3, o forasteiro Pavin, do PMDB de São Caetano, diz que a indicação/aval do diretor -- já exonerado por supostas irregularidades -- veio do comando do primeiro andar do Executivo.

Pra bom entendedor, se é que não foi da ascensorista ou do porteiro, pode ter sido de Aidan Ravin (PTB), da vice Dinah Zekcer (PTB) ou do então "primeiro-ministro" deposto Nilson Bonome (PMDB). Ou seria do motorista?

Aí vem o risco da equação invertida, de a banana estar mesmo comendo o macaco. Em vez de esclarecer a situação dando nome aos bois, o comando do Semasa nada esclarece, faz fumaça e procura o "culpado" de ter indicado o "acusador".

Senhores, o mundo andreense não é uma unanimidade de imbecis de plantão ou puxa-sacos de ocasião! Pouco importa se quem pediu o cargo para o "delator do bem" (até prova em contrário) foi o prefeitão, a vice, o homem-forte, o papa, o superintendente ou o PTB/PMDB de São Caetano como compensação por ajudar a eleger Aidan.

Manchete cheira a cobra mandada ou incompetência/irresponsabilidade profissional porque força uma situação que não é a essência do assunto. Nem fica clara no texto interno.

Envolvidos desqualificam quem acusa, desmentem denúncias de propina e garantem não conhecer o advogado-ponte. Sem justificativa, Calixto Antonio Júnior, possível agenciador da propina junto a empresários, não é funcionário mas está alocado em sala estratégica do Semasa e tem vaga preferencial no estacionamento. O culpado agora é o tal do Tokuzumi ou de quem o inventou?

Plantado ou não na autarquia com alguma intenção -- não boto a mão no fogo quando o assunto é poder e/ou dinheiro --, o que importa é que a lebre foi levantada e ninguém fez nada de concreto. Tentam ou tentaram encobrir. Aí tem!

Informações confiáveis dão conta de que uma das várias denúncias de extorsão para concessão de licença, de R$ 350 mil, ao MP e à Polícia Civil não foi obra de ficção do ex-diretor. Teria sido de construtora/incorporadora localizada nos altos da avenida Portugal, ali na Vila Gilda.

Não há garantias taxativas para cravar, mas dizem que Aidan pediu, sim, paciência ao ex-diretor ao ser alertado sobre a indecência. Embora garantindo que o Semasa desfruta de (relativa) autonomia, prefeitão teria tentado colocar panos quentes junto às autoridades competentes.

Que as ilações fiquem por conta do leitor e do eleitor inteligentes.

Agora, jornalisticamente, o DGABC deixa dúvidas ao superdimensionar a indicação do denunciante em vez de emparedar os envolvidos e se aprofundar no grave crime de extorsão. É mesmo de assustar o macaco. Ou a banana?

Se o prefeitão tiver culpa, de fato, que peça o boné ou seja apeado do poder. Exatamente o que Aidan deveria ter feito com todos os envolvidos até que tudo fosse esclarecido.

Embora negue,lógico, o chefe do Executivo preferiu endossar a demissão de quem diz ter se recusado a participar da falcatrua que lesa o bolso e a moral do cidadão andreense.

O editorial do DGABC ressalta que, a princípio, a citação não compromete o prefeito. O detalhe é que a manchete discutível compromete e macula a imagem não só de Aidan Ravin como de um jornal que se arvora de primar pela imparcialidade. Quem acredita?

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