Seguidores

terça-feira, 13 de março de 2012

Os sete pecados capitais

No final do século VI, durante o papado de Gregório Magno, a Igreja Católica instituiu os chamados sete pecados capitais.

As atitudes humanas da época contrárias às leis divinas: luxúria, gula, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça. Em 2008 o Vaticano atualizou a lista, mas vamos nos ater à antiga.

Ao ler, na edição dominical do DGABC, extensa matéria sobre o handebol, me chamaram à atenção a manchete e as declarações do diretor de Esportes da Metodista, Alberto Rigolo, e do técnico da Seleção Brasileira Feminina, o dinamarquês Morten Soubak.

"Brasil ameaça domínio europeu no handebol" é a manchete da página. Embora pudesse conter informações e análises também sobre a situação nada confortável do handebol em Santo André e São Caetano, texto de Anderson Fattori é interessante e faz pensar no presente e no futuro.

O título da página -- "Brasil ameaça domínio europeu no handebol" -- me parece um pouco forçado. Nem mesmo a dura crise que abala os alicerces da economia mundial vai ser capaz de tirar a hegemonia dos europeus. Pelo menos nesta década.

Enquanto no Brasil em evolução os estaduais e a Liga têm competitividade restrita a poucos e público quase sempre limitado a familiares, dirigentes e alunos de escolinhas, na Europa é um pega-pra-capar, em alto nível técnico, com ginásios que chegam a receber 20 mil espectadores.

Como diz Morten -- " Vejo próximo o sonho de uma medalha" --, podemos, sim, chegar ao pódio nos Jogos Olímpicos de Londres, em julho, mas a tarefa é tão improvável quanto Manoel de Oliveira, pedir demissão da presidência da Confederação Brasileira. Manoelzinho tem méritos, mas, infelizmente, se eternizou no trono e virou dono do nosso handebol.

Já meu amigo Rigolo, polêmico, temperamental, mas de capacidade técnica e dedicação inquestionáveis, acredita na repatriação das melhores jogadoras brasileiras espalhadas por um Europa abalada, mas lamenta a falta de organização e comprometimento de alguns clubes que disputam a Liga Nacional.

"Queria que todos os times tivessem a força e fossem organizados como nós. Aumentaria o nível técnico das competições e atrairia mais patrocinadores. Nosso trabalho dá resultado porque somos sérios, priorizamos as categorias de base e não fazemos loucura" -- afirma um dos homens mais importantes na ascensão do handebol brasileiro.

E é exatamente nas afirmações de quem respira handebol que entram os sete pecados capitais de clubes falidos e federações e confederação enricados. Como ameaçar o domínio europeu se, salvo exceções como a Metodista e mais meia-dúzia de clubes sérios, somos "pecadores" contumazes?

Pecados capitais do handebol moderno e do esporte em geral:

1)profissionalismo capenga
2)falta de planejamento e organização
3)seriedade e comprometimento questionáveis
4)investimento estrutural insuficiente
5)valorização de talentos limitada a poucos
6)não prioridade à base, aliada à ação social
7)descaso governamental

Tomara que os propalados R$ 12 milhões investidos no Centro de Excelência em construção no antigo clube da Volks signifiquem um divisor de águas entre o amadorismo e o profissionalismo.

Se vingar mesmo, parceria entre Ministério do Esporte, Confederação Brasileira de Handebol e Prefeitura de São Bernardo tem tudo para fortalecer de vez nossas seleções, da base à elite.

Aí sim nossos pecados serão menos mortais e nossos sonhos mais plausíveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário