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terça-feira, 13 de março de 2012

Pé na bunda da soberba

Refutada pelo ex-presidente Lula, a esperada renúncia de Ricardo Teixeira tem significado muito mais abrangente do que o ato em si. Nada de grandeza, por sinal.

Mesmo porque, a chegada do já octogenário,pouco confiável e político matreiro José Maria Marin para presidir a milionária Confederação Brasileira de Futebol não muda nada. Mantém cargos, benesses e condutas. Nada mais é do que trocar seis por meia dúzia.

Se Jérôime Valcke, secretário-geral da FIFA, sugeriu um pontapé no traseiro de brasileiros lerdos com os procedimentos pré-Copa do Mundo de 2014, a saída do momento soa como um pé na bunda da soberba internacionalizada na pessoa do intragável RT.

O senhor RT sempre foi sinônimo de prepotência, de cinismo, de egoismo, de evasivas, de desrespeito, de autossuficiência ao extremo. Acusado, entre outras sacanagens, de corrupção, trapaças eleitoreiras e de se locupletar com porcentagens dos milhões de eventos e patrocinadores quase sempre canalizados para os cofres da CBF, RT desmente tudo de pés juntos. Coitado! O milionário se diz injustiçado.

Interessante é que, doente ou não, o cara saiu porque quis. Situação estava insustentável com a FIFA -- outro câncer a ser exterminado -- e com o governo brasileiro, mas ninguém teve coragem de peitar o senhor prepotência e bancar a demissão de persona tão nefasta ao mundo do esporte.

Omisso, o governo não fez nada. Interesseiras, frágeis e apadrinhadas, como sempre, as federações também não moveram uma palha. Os clubes, hoje falidos, muito menos.

Lógico! Afinal, todos são farinha do mesmo saco. Todos lidam full time com a sedução do poder. Todos têm rabo preso com todos. Dos presidentes de clubes ao presidente da FIFA. Ninguém quer largar o osso.

Só que o momento exige muito mais do que dois pés na bunda de uma soberba específica, com nome e sobrenome. Como Marin vai manter o status quo -- tá na cara --a hora dos presidentes de clubes, inclusive os do Grande ABC, é agora.

Sem covardia, sem medo, sem omissão deslavada. Mesmo devendo favores aos tubarões, é preciso deixar de comer na mão e assumir o prédio da rua da Alfândega. Ou será que vão esperar o governo federal impor alguém do seu esquema, talvez em nome da governabilidade.

É hora de mexer com a alma do futebol brasileiro. Mais que isso! Muito mais do que o fim de um "reinado" de 23 anos, é essencial que até mesmo a sociedade como um todo dê um basta na soberba de ditadores presunçosos, instalados em clubes, federações e confederações de inúmeras modalidades olímpicas.

Ninguém é santinho! Ninguém é tão perfeito,tão competente. Ninguém pode edificar feudos e se eternizar no trono ou fazer sucessores letrados pela mesma cartilha viciada.

Conluios, acertos escusos, falcatruas, brotam como baratas e ratos no esgoto do esporte. É triste afirmar, mas os subterrâneos do esporte são tão imundos e malcheirosos quanto os da política.

Infelizmente, é o retrato fiel da sociedade brasileira. Que pena! Decência, ética, caráter e moralidade parecem mesmo fora de moda. Hurrah!!! (Vida longa para o esporte)

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