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quinta-feira, 22 de março de 2012

Tigre e gatinho num mesmo jogo?

Francamente, não é fácil definir o desempenho do São Bernardo no Paulistão da A-2. Teve cinco rodadas de gato manso -- me chama de "meu chaninho" -- e depois passou a caçar como um verdadeiro tigre.

Foram 12 rodadas, com nove vitórias, dois empates e apenas uma derrota, quando Luciano Dias inventou de poupar quase todos os titulares diante do líder Audax. Aproveitamento fabuloso. Futebol, nem tanto.

E não é que agora, na hora de a onça beber água, o São Bernardo cisma de ser tigre e gatinho num mesmo jogo. Ou não foi quase isso no 0 a 0 diante da Ferroviária, ontem à noite no Primeiro de Maio.

No primeiro tempo, mais de seis mil torcedores viram um São Bernardo bem superior. É verdade que, por certa ansiedade ou excesso de individualismo, pecou no último passe ou na conclusão.

Porém, o São Bernardo procurou o jogo franco e foi bem superior. Pouco se preocupou com um adversário organizado, mas medroso e sem poder de fogo. Foi um time rápido e de muita movimentação ofensiva. Dominou, pressionou e criou pelo menos cinco boas oportunidades.

Mais uma vez, o meia Bady foi um dos destaques. Defendeu, atacou, armou e concluiu com aplicação e desenvoltura. Um verdadeiro motorzinho. Se jogasse no Barcelona, seria Xavi ou Iniesta. Se no Atlético de Bilbao, seria Muniain.

Pena que, mais uma vez, Bady não contou com razoável complemento de Luciano Mandi na hora de criar ou chegar de vez à zona do agrião, ao gol. Inércia de Luciano Mandi prejudicou ainda os atacantes Danielzinho e Fernando Gaúcho, ainda se recuperando de lesão muscular.

Falta de eficiência ofensiva de laterais/alas também contribuiu para a virgindade ofensiva. Pela esquerda, Renato Peixe chegou pouco, lento, e cruzou mal. Pela direita, Regis tem vontade, mas, além de egoista, erra passes demais e não consegue pensar e correr ao mesmo tempo.

Defensivamente, até que o Tigre se portou bem. Talvez pela fragilidade momentânea da chamada Locomotiva. Miolo de zaga não comprometeu e volantes mais responsáveis pela marcação estiveram bem posicionados na hora de antecipar e/ou cobrir.

Tanto que a Ferroviária, sem espaço para criar e excessivamente respeitadora, virou presa fácil. Só chegou duas vezes com algum perigo; ainda assim, em chutes longos.

No segundo tempo, no entanto, o time de Araraquara parece ter percebido que o tigre não era tão selvagem, matador. Desde os primeiros minutos, deu as cartas. Melhorou o posicionamento defensivo, compactou e adiantou o meio-campo e passou a oferecer perigo tanto por baixo quanto por cima.

Foi aí que o tigre virou bichano, gatinho. Se encolheu, se arrepiou, foi dominado, perdeu o encaixe da marcação no meio-campo e permitiu que o adversário chegasse pelo menos três vezes com real perigo de gol.

Além de marcar mal, o São Bernardo reduziu a movimentação, deixou de criar -- até mesmo Bady Xavi caiu muito de produção -- e foi inoperante no ataque.

Faltando cerca de 15 minutos para o final, Luciano Dias trocou a referência limitada de Fernando Gaúcho pela ligeireza de Ricardinho. Também fez entrar o marcador Daniel Pereira no lugar do atacante Danielzinho e adiantou um pouco Leo Costa e Luciano Mandi.

Alteração estranha! Acertou ao perceber a frouxidão da marcação, mas poderia ter tirado Luciano Mandi ou mesmo Leo Costa, que caiu de produção quando o tigre virou gatinho. Tanto que em seguida tentou corrigir o erro ao trocar Leo Costa pelo mais ofensivo Raul.

Não adiantou nada! Por sorte, a Ferroviária também diminuiu o ritmo. Certo ou errado, o detalhe é que o São Bernardo esteve próximo de ser caçador no primeiro tempo e quase virou caça no segundo. O empate acabou ficando de bom tamanho para quem não teve regularidade.

Com uma vitória o São Bernardo estaria a um ponto da classificação ao G-8. Agora, precisa ganhar três pontos nas duas rodadas finais para não depender de terceiros e ser ameaçado pelo Grêmio Barueri, nono colocado com 26 pontos ganhos.

Sábado o São Bernardo (6º) pega osso duro em Santa Bárbara d'Oeste. União Barbarense (7º) também tem 29 pontos ganhos e nove vitórias. Na última rodada o Primeiro de Maio, lotado, vai receber o Palmeiras B, ainda fora do G-4 do mal mas sério candidato ao rebaixamento.

Portanto, o São Bernardo ainda está com a faça e o queijo na mão para chegar. Basta cortar, respeitar e jogar como um tigre.

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