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terça-feira, 17 de julho de 2012

Título não é sinônimo de atenção plena ao esporte

Mesmo que de forma compartilhada com São Bernardo, São Caetano, Mauá e até São Paulo, Santo André acaba de sediar a 56ª edição dos Jogos Regionais da 1ª Região Esportiva.

Classificação final da Primeira Divisão apontou São Caetano em primeiro, seguida por São Bernardo, Santos, Santo André, Osasco, Praia Grande, Mongaguá e Ribeirão Pires.

Com o resultado, São Caetano se soma a São Bernardo na elite dos Jogos Abertos de Bauru, enquanto que Santo André vai disputar a Segundona.

Ribeirão Pires volta para a Segunda Divisão dos Regionais de 2013. Se Aidan Ravin for reeleito pode querer Santo André como sede vitalícia. Até aprender!

Já a Segunda Divisão dos Regionais terminou com Mauá em terceiro, Diadema em oitavo e Rio Grande da Serra em 21º. Considerando-se a grandeza dos municípios, nenhuma surpresa!

O resumão é pra deixar claro que ser campeão (nos Regionais, nos Abertos ou em qualquer competição regional ou nacional) nem sempre significa que todo o segmento esportivo seja tratado com a atenção e o respeito que sua importância merece. O que vale é o somatório.

Os Jogos mostram hegemonia e superioridade inquestionáveis de São Caetano e São Bernardo. Com indicadores socioeconômicos dos mais respeitáveis, investimentos dignos, competência profissional e infra-estrutura compatível, as conquistas são consequência natural.

Pela pujança econômica, Santo André bem que poderia investir mais e estar no mesmo patamar dos vizinhos vencedores. Mas, aqui, o sonho acalentado por Aidan Ravin parece ser outro. A exemplo de uma infinidade, premiado como Prefeito Amigo da Criança, agora ele reúne deméritos para pleitear o selo de Prefeito Inimigo do Esporte.

Mas o esporte pleno, de verdade, é bem maior do que a simples competição por medalhas, troféus e visibilidade discutível. O alto rendimento é apenas uma das inúmeras valências capazes de delinear o corpo inteiro do esporte.

Como será que as autoridades da São Caetano campeã tratam a formação e toda a cadeia das categorias de base de várias modalidades? E a São Bernardo campeã dos Regionais e dos Abertos do ano passado? Será que lá o esporte é respeitado enquanto ação social, instrumento de educação, saúde, inserção socioeconômica e até mesmo ferramenta de combate à violência?

E na cidade do Prefeito Inimigo do Esporte? Será que o esporte educacional é valorizado por meio de parcerias? E os Jogos Escolares? Refletem, mesmo, na prática, a grande oportunidade de revelação de talentos a serem lapidados para galgar os degraus de quem sonha com a medalha de ouro?

Será que a São Caetano de invejáveis índices da desenvolvimento humano cuida, de fato, de seus valorosos velhinhos, muitos deles aposentados da GM e das antigas cerâmicas? Em termos esportivos e de lazer, o que a cidade oferece para o idoso? Ginástica para a Terceira Idade, musculação, bocha, malha, truco, damas...

Será que a poderosa São Bernardo das automobilísticas e suas vertentes olha o esporte com o devido valor? É preciso checar. Não basta botar dinheiro e ganhar holofotes ( e visibilidade política) com as conquistas do futebol, do vôlei e do handebol.

É necessário muito mais! Será que as pessoas com deficiências são lembradas e respeitadas quando o assunto é atividade física adequada às necessidades de cada um?

E quanto à difusão esportiva? Será que o ABC promove eventos para todos os públicos? Maratonas pedestres e aquáticas, provas ciclísticas, Jogos Escolares e para Idosos, apresentações de ginástica para adultos e Terceira Idade, competições de judô e natação?

Hé espaço na agenda e dotação orçamentária para torneios de futebol, futsal, handebol, vôlei e basquete, todos entre crianças e adolescentes, como aqueles patrocinados pelo Consórcio Intermunicipal que nem sei se ainda existem?

Será que as sete cidades do Grande ABC, cada uma dentro das suas possibilidades, pensam, de verdade, com seriedade, no esporte dos 3Ds? Diversificação de atividades oferecidas, distribuição geográfica proporcional das opções e democratização dos espaços de forma gratuita.

Se a política dos 3Ds for implantada para todos, e não para poucos, com responsabilidade profissional e qualidade, é ponto para a sociedade. Sem privilégios! Mas é bom tomar cuidado com alguns professores de Educação Física que exercitam a enganação e o corporativismo como se ensinassem fundamentos de basquete.

E o futebol amador, como é tratado por todos? Com raríssimas exceções, nossos campos distritais servem a poucos, que se adonam do que deveria ser da comunidade. Quase sempre, o espaço é dominado pelo dono do "buteco", que faz um puxadinho e mora ao lado do vestiário com a família. Álcool, droga, roubos e até prostituição não são raros.

E a verba do esporte amador prometida antes das eleições? Nada de entregar de mão beijada para alguns dirigentes de times ou de ligas que não cumprem suas obrigações e ainda pagam jogadores de cidades da Região Metropolitana e do Litoral.

Valores limitados podem ser canalizados para o fubebol amador, mas com regras rígidas. Melhor mesmo seria restringir e fiscalizar gastos com arbitragem e premiação. Ligas nem sempre apresentam nota fiscal autêntica mas as Prefeituras acabam pagando sem a devida comprovação dos gastos.

Quanto à manutenção dos campos, deveria ser feita em parceria. Clube com permissão de uso, Poder Público e até mesmo empresas parceiras poderiam dividir as obrigações. Se não cumprir as exigências, perde a permissão/concessão. Simples e justo!

Por falar em espaços públicos, como será que nossas cidades têm lidado com a infra-estrutura esportiva? Sabe-se que, no quesito futebol profissional, enquanto São Bernardo e São Caetano cuidam do Primeiro de Maio e do Anacleto Campanella, Santo André faz promessas vazias e finge que não ignora o estado terminal do Bruno Daniel.

Como andam nossos ginásios poliesportivos, nossas quadras, piscinas, pistas e nossas áreas específicas para ginástica artística, judô, karatê e até mesmo o skate, que, embora encarado por alguns como lazer, é modalidade esportiva há muito tempo? Nossos Cesas, Ceus e cia têm fortalecido a formação e o esporte educacional ou sobrepõem atividades?

E meus companheiros de Educação Física, será que respeitam e são respeitados, motivados e valorizados? Como estão os salários dos professores, seus benefícios sociais, planos de carreira e condições de trabalho? É prudente dar valor a quem merece e mostrar o caminho da roça para os vagabundos.

Além de formar cidadãos, o esporte incorpora tudo isso; depende de tudo isso para crescer. Os títulos de Jogos Regionais e Abertos (feitos para poucos) são importantes como espelho e motivação a partir dos ídolos, mas não bastam. Como um todo, e para todos, o esporte é muito mais importante como direito do munícipe.

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